A ilha de São Jorge, para além do seu riquíssimo património natural é também detentora de um valor histórico-cultural que está representado no seu património edificado, quer seja ele civil, religioso ou militar.
O património civil desta ilha recebeu influências de várias regiões de Portugal e estrangeiras, desde os tempos do povoamento, devido aos locais de origem de que os seus primeiros povoadores provinham. Sendo assim, verifica-se na ilha de São Jorge algumas influências espanholas e da Flandres trazidas por famílias oriundas dessas regiões. Contudo, o património jorgense também depende das várias adaptações que foram necessárias fazer ao longo dos tempos devido a algumas catástrofes naturais, como erupções vulcânicas e terramotos, cedendo assim à ilha um património singular.


Neste contexto, destaca-se uma isolada torre da antiga igreja da freguesia da Urzelina, a qual ficou soterrada por lava, resultante da violenta erupção vulcânica de 1808, permanecendo intacta a sua torre como vestígio da construção original.
Relativamente ao património religioso nesta ilha, este enquadra-se dentro das linhas arquitetónicas típicas dos Açores, que realçam o basalto, dando-se especial destaque para a Igreja Matriz de São Jorge, nas Velas e para a Igreja de Santa Bárbara, na freguesia das Manadas que, sendo classificada como Monumento Nacional, é considerada um grande exemplo do barroco setecentista na ilha, cujo interior é detalhadamente decorado com talha dourada, painéis de azulejos e pinturas. A igreja de São Francisco, nas Velas é aquilo que resta do antigo Convento dos Franciscanos na ilha. Por toda a ilha encontram-se alguns edifícios possuidores de uma cantaria em basalto, como o caso da Ermida da Nossa Senhora do Livramento, situada no monte sobranceiro à vila das Velas e a Ermida de São José, na freguesia da Urzelina. Nesta ilha, à semelhança da ilha Terceira, também existem impérios (pequenas capelas destinadas à exposição dos elementos do culto ao Espírito Santo), distribuídos por toda a ilha.






No que diz respeito à arquitetura militar esta é aqui bem representada pelas antigas fortalezas situadas nas Velas, sendo elas a Fortaleza de Nossa Senhora da Conceição datada do século XVI e que hoje integra o auditório municipal das Velas; e o Forte de Santa Cruz, a construção mais antiga da ilha que ainda persiste, destinada à defesa da vila face a ataques de corsários e piratas, tendo sido utilizado, no século XIX para o derretimento de gordura de cachalote. Atualmente trata-se de uma estrutura pertencente ao clube naval das Velas.


Nesta ilha, importa referir a presença de outras estruturas que também possuem algum valor patrimonial, nomeadamente, o farol da Ponta dos Rosais, o qual funcionava desde a década de 50 do século passado, mas devido à sismo de 1980, o mesmo foi abandonado, encontrando-se em estado degredado, porém é um lugar que suscita a atenção dos mais aventureiros, que não o deixam de visitar. A «Porta do Mar» é outro elemento de grande valor patrimonial e histórico da ilha de São Jorge, situado no porto das Velas, remonta ao século XVI, aquando da construção de uma muralha de defesa nesta vila, restando hoje a sua porta com detalhe em cantaria.


Last modified: 16 de Fevereiro, 2022