ILHA DE SÃO MIGUEL, DETENTORA DE UM RICO PATRIMÓNIO EDIFICADO
A ilha de São Miguel é detentora de um rico património edificado que varia desde o património público e particular ao património religioso, civil e militar, os quais possuem grande valor histórico-cultural que já descende dos primórdios do povoamento, contribuindo de uma certa forma para a identidade do povo micaelense.


Grande parte do valor patrimonial da ilha de São Miguel deve-se à sua arquitetura, quer seja ela civil, religiosa ou militar, que se encontra por toda a parte da ilha. Ponta Delgada, a cidade muito conhecida pelos seus três arcos em basalto- Portas da Cidade- que dão as boas vindas a quem entra na cidade pelo mar, sendo isto considerado o ex-líbris da cidade, é o concelho que se distingue pela sua quantidade de igrejas, ermidas entre outros edifícios que constituem o seu rico património arquitetónico. De entre todos, destacam-se a barroca Igreja Matriz de São Sebastião, com alguns traços da arte Manuelina, este templo religioso foi erguido, segundo Gaspar Frutuoso na sua obra, Saudades da Terra, após uma grande peste que assolou a cidade. A Igreja de Todos os Santos, também conhecida como a Igreja do Colégio é outro exemplo da arquitetura barroca em Ponta Delgada, tendo sido um edifício construído em finais do século XVI, o qual sofreu uma reconstrução, um século de depois, deixando a sua imagem tal como hoje a conhecemos.





Ainda em Ponta Delgada, não podemos deixar de referir a presença neoclássica no Palácio de Santana, construído no século XIX, pelo morgado José Jácome Correia, que atualmente funciona como sede do Governo Regional. No que toca à arquitetura militar, nesta cidade encontra-se o Forte de São Brás, um grande exemplar de fortificação e de defesa da cidade contra ataques marítimos, nomeadamente vindos de corsários e piratas, tendo sido edificado no século XVI.


No concelho da Ribeira Grande, dá-se especial realce para alvenaria branca e a pedra de cantaria, sobretudo de basalto, que juntas dão uma imagem única e de contraste aos edifícios aqui presentes, tal como acontece na Igreja de Nossa Senhora da Estrela, composta por uma enorme escadaria e na Ponte dos Oito de Arcos que são a imagem de reconhecimento da Ribeira Grande. Contudo, nesta cidade da costa norte, distingue-se a Igreja do Senhor dos Passos ou do Espírito Santo que, construída no século XVIII, é o único exemplar nos Açores de traçado convexo para o exterior, com o seu fortão contra- curvado e toda ela decorada com elementos do barroco atlântico, que se baseia no basalto.




Na Vila Franca do Campo, a antiga capital da ilha, ainda existe um edifício religioso datado do tempo do povoamento, que é a Igreja de São Miguel Arcanjo, a qual se diferencia de todas as outras pela sua fachada unicamente de basalto, possuindo assim, influências românicas e góticas. Apesar de ter sido soterrada pelo terramoto de 1522, esta Igreja foi reconstruída mantendo o seu estilo arquitetónico que possuía.


Quanto à arquitetura civil, para além dos sumptuosos solares de existem por toda a ilha, as casas rústicas e outros edifícios caracterizadores da vida rural na ilha também são considerados importantes elementos arquitetónicos que não podem ficar de fora desta panóplia. Neste caso, destacamos os moinhos de água presentes em muitos locais da ilha e as casas de pedra.




Para além da arquitetura, outro setor que se insere no valor patrimonial de São Miguel é o artesanato que mantém viva as tradições ancestrais de um povo insular, graças à olaria, à cerâmica e aos elementos decorativos feitos em escama de peixe, como flores.
